terça-feira, 14 de abril de 2009

Homenagem aos travestis

Vivo minha vida como uma atriz esquizofrênica.
Não sou atriz profissional, atuo somente na peça da vida.
E alucino com minhas personagens.
Cada dia, um novo papel.
Quando ele me toca, sou virgem donzela.
Quando ele parte, sou heroína desesperada.
Quando fazemos amor, sou femme fatale.
Nunca visto roupas, visto apenas peles.
As peles de mulheres.
Com salto e maquiagem, me inveto e me re-invento.
Um dia sou Audrey, outro dia sou Bardot.
As vezes sou Marilyn e as vezes sou Deneuve.
Vivo a minha vida através das várias divas que moram no meu coração.
Não sei viver sem esse interpretar.
Minha natureza é ser assim, atriz da alma.
Não sou falsa.
Cada uma destas personas é, em verdade absoluta, uma face de mim.
Personifico os fragmentos de mim mesma.
Acho que sofro de esquizofrênia romântica.
E contra isso, não há remédio. É de nascença.
Me resta interpretar meus papéis com maestria.
Mas não importa o quão bem eu interprete, nunca há aplausos no teatro da vida.