terça-feira, 14 de abril de 2009

Grito em silêncio

Me dei conta que o meu combustível é a loucura.
A dor, as dúvidas, o paradigma, a confusão.
Escrevo com a mulher em mim, com o homem em mim, com o hermafrodita em mim.
Sou assexuado no papel, sob a forma de um "Eu". Um "Eu" delirante. Um tanto antropofágico. Até meio mágico.
Com o poder de se transmutar. Me transformo, me deformo, me construo.
Em forma de palavras, de linhas, de letras.
Meu corpo verdadeiro é uma frase, um verso.
Meu coração bate no ritmo da digitação destes escritos, estes devaneios.
Escrevo minha loucura com a tola esperança que elase transforme em algo bom. Sou meu próprio exorcista e o papel é meu instrumento.
E aqui é que eu sou eu.
Sem lenço, sem documento e sem permissão.
Sou um eu tão verdadeiro que chega a ser falso.
Escrevendo versos tão sinceros que chegam a ser perigosos.
São as confissões de tantos que carrego aqui dentro, trancafiados pelas convenções do dia-a-dia.
Para mim, escrever é gritar em silêncio.