Teu rosto pálido e oval tem uma expressão condescendente.
A imagem de porcelana, pintada de cores pastéis, é como uma manifestação física da piedade.
Tua íris azul suplicante, tuas mãos esticadas oferecendo ajuda, teu sorriso de mona-lisa...
Maria, mãe de deus.
Admiro tua beleza, mas não vejo em ti uma alma.
Todo teu gestual, tuas cores, tuas formas. Tudo indica uma delicadeza, uma intencionalidade de meigura dos que te fizeram.
Tua beleza é só artíficio.
Teus olhos são pintados de maneira gentil, mas são frios.
Tua boca foi desenhada para parecer real, mas não ouço tuas palavras.
Maria, mãe de deus.
Tu é como uma grande árvore oca: parada no tempo e morta por dentro.
Não passa de um pedaço de mobília, como uma cadeira.
Só que ao contrário de uma cadeira, tu não tem função prática alguma.
Eu invejo aqueles que em ti, encontram consolo.
Para mim, tu não passa nada.
Amém.